Mais do que apenas comunicar, eu acredito que líderes precisam focar em serem compreendidos. A condução frequente de boas conversas é um caminho essencial para uma comunicação clara e humana na liderança. A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), em parceria com a Ação Integrada, aponta que engajar lideranças como comunicadores é o maior desafio da comunicação interna nas empresas. Em 2024, 64% das organizações relatam essa necessidade – um dado que reflete a urgência de construir uma comunicação efetiva e empática no ambiente corporativo.

 

Num contexto de informações transmitidas em volume e velocidade cada vez maiores, líderes precisam ir além de transmitir mensagens. Precisam garantir que são compreendidos. Essa compreensão muitas vezes está nas “entrelinhas”, como nas boas conversas – claras e humanas – que ajudam a transformar desafios em ativos estratégicos no dia a dia.

 

Acredito que o maior desafio de um líder, é conseguir “ouvir” aquilo que não é dito, mas que importa. O contexto não está sempre nas palavras, mas nas entrelinhas. Um exemplo disso é quando um funcionário chega frequentemente atrasado e menciona um problema no despertador. Talvez o comportamento dele esteja revelando sinais não verbais de desmotivação, que podem apontar para uma crise pessoal.

 

Para facilitar a leitura dessas entrelinhas, sugiro que todo líder foque em dois atributos essenciais na comunicação: confiança e respeito. Confiança, no entanto, não vem apenas da autoridade, mas é construída todos os dias por meio de uma relação genuína com cada membro da equipe. Acredito que, como Kim Scott sugere em seu livro Empatia Assertiva, o segredo é importar-se pessoalmente com cada pessoa da equipe. Quando o líder demonstra uma preocupação verdadeira, cria-se uma relação de confiança que permite trocas mais francas e diretas.

 

Um dos segredos, nesse contexto, é não esperar apenas pelos momentos formais de feedback. Aposte em conversas cotidianas e sinceras – talvez após uma reunião ou em um bate-papo no horário do café. Assim, você constrói o “importar-se pessoalmente” de forma natural, reconhecendo que os colaboradores continuam sendo seres humanos com emoções, mesmo no ambiente de trabalho.

 

 

• Definir objetivos claros para reuniões: quanto mais específico e menos abrangente for o objetivo de cada reunião, mais produtivos serão os diálogos. É papel do líder orientar a conversa para o objetivo central, sempre que perceber que ela está se desviando.

 

• Separar fatos de opiniões: um líder deve sempre buscar basear suas decisões em fatos, evitando subjetividades que podem distorcer o julgamento e levar a decisões inadequadas.

 

• Fornecer feedbacks rápidos, específicos e focados na situação: uma comunicação direta e objetiva ajuda a construir um ambiente de confiança e crescimento para todos.

 

• Incentivar ideias e críticas da equipe: menos foco em ser o autor das ideias e mais em valorizar as contribuições da equipe constrói um ambiente seguro e estimulante para a inovação.

 

• Refletir sobre o que deseja comunicar: antes de uma conversa importante ou uma sessão de feedback, uma prática eficaz é dividir uma folha ao meio e escrever o que você está pensando de um lado e o que deseja dizer do outro. Esse exercício ajuda a questionar pensamentos enviesados e a construir uma comunicação mais clara e eficaz.

 

Essas práticas de comunicação têm o poder de transformar a dinâmica de uma equipe, fortalecendo os laços de confiança e respeito entre líder e colaboradores. Em nossos cursos e palestras de comunicação, oferecemos ferramentas e técnicas para líderes desenvolverem uma comunicação que vai além da palavra falada – uma comunicação que impacta e engaja de verdade.